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quinta-feira, 15 de maio de 2025

A Formação do Analista e a Prática Clínica na Psicanálise

A formação do psicanalista é um caminho singular, profundo e, acima de tudo, experiencial. Diferentemente das formações tradicionais em saúde mental, como psicologia ou psiquiatria, a psicanálise possui uma trajetória formativa própria, pautada não apenas no conhecimento teórico, mas sobretudo na vivência subjetiva do próprio analista em formação.



A base da formação em psicanálise é sustentada por um tripé essencial:

  • Análise pessoal: NenhumpodeNenhum sujeito pode conduzir o outro em um processo analítico sem antes ter passado por sua própria travessia. A análise pessoal é a experiência do futuro analista em sua própria divã, enfrentando suas resistências, traumas e inconscientes. Como diria Lacan, o inconsciente é o discurso do Outro — e escutá-lo em si mesmo é o primeiro passo para poder escutá-lo no outro.

  • Supervisão clínica: A supervisão é o espaço de troca entre o analista em formação e um analista mais experiente. É ali que os casos clínicos são apresentados, ouvidos e atravessados ​​pela ética psicanalítica. A supervisão é um exercício de humildade e de escuta, onde se aprende não a “resolver problemas”, mas a sustentar perguntas.

  • Estudo teórico: A leitura atenta e contínua dos textos de Freud, Lacan e outros autores contemporâneos é fundamental. A sustenta teoria a prática, mas não a engessa. Em psicanálise, o saber não é dogmático — ele se construiu na escuta e no desejo de saber mais sobre o sujeito e seus modos de gozo.

O cenário analítico é um espaço privilegiado para que o sujeito fale livremente. A regra fundamental da associação livre cria as condições para que o inconsciente se manifeste. O analista, por sua vez, sustenta uma escuta flutuante, intervindo pontualmente — muitas vezes por meio de cortes, ocasiões e interpretações — para provocar deslocamentos no discurso do analisando.

É importante frisar que o analista não é um conselheiro, nem um solucionador de problemas.nãoSeu lugar é o de quem sustenta o enigma, de quem escuta o que não foi dito, de quem aposta na fala do sujeito e em sua capacidade de ressignificar suas experiências.



Ser analista é, acima de tudo, uma posição ética. Lacan nos lembra que a ética da psicanálise é a ética do desejo — não o desejo do analista, mas o desejo do sujeito, que se articula a partir de sua castração, de suas faltas e de seus traumas.

O analista deve estar avisado de seu lugar e de seu desejo, para não cair na armadilha de “salvar” o paciente ou de conduzi-lo para um ideal de normalidade. A escuta analítica respeita o tempo do sujeito, seus silêncios, suas repetições e, principalmente, sua singularidade.


A formação do analista nunca termina. Ela é contínua, atravessada por novas leituras, novas supervisões, novas análises. O analista está sempre se formando, porque está sempre se implicando — em cada escuta, em cada transferência, em cada afeto que emerge no consultório.

Se a clínica é a prática da escuta, a formação é a prática da escuta de si mesmo. Por isso, ser analista está em constante deslocamento, disposto a ser tocado, atravessado e, quem sabe, transformado pela fala do outro.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Neuropsicanálise: A Interseção entre Psicanálise e Neurociências

 

     A neuropsicanálise é um campo fascinante que une dois mundos aparentemente distintos: a psicanálise e as neurociências. Ao explorar as complexidades da mente humana, a neuropsicanálise busca entender como os processos neurobiológicos se entrelaçam com os aspectos psicológicos e emocionais da experiência humana.

Ao combinar os insights da psicanálise, que examina as profundezas do inconsciente e os padrões inconscientes de pensamento e comportamento, com as descobertas das neurociências, que investigam as bases neurais da cognição e emoção, a neuropsicanálise lança uma nova luz sobre questões antigas.

Por meio de técnicas como a ressonância magnética funcional (fMRI) e estudos de caso clínico, os neuropsicanalistas podem examinar como os processos mentais descritos por Freud, Jung e outros pioneiros da psicanálise se manifestam no cérebro humano. Isso nos permite entender melhor como os traumas, conflitos inconscientes e dinâmicas interpessoais influenciam a atividade cerebral e vice-versa.

No entanto, a neuropsicanálise não busca reduzir a complexidade da experiência humana a meros processos biológicos. Em vez disso, ela reconhece a interação dinâmica entre mente e cérebro, destacando como as experiências emocionais e relacionais moldam a plasticidade cerebral e a formação de novas conexões neurais.

Ao integrar essas duas perspectivas, a neuropsicanálise oferece uma abordagem mais holística e integrada para compreender a mente humana. Ela nos lembra que somos seres tanto biológicos quanto psicológicos, e que a verdadeira compreensão da mente requer uma apreciação profunda de ambas as dimensões.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Estrutura do Delírio em Lacan

 Estrutura do Delírio em Lacan

Introdução


 Jacques Lacan, um influente psicanalista francês, tinha uma visão particular sobre o delírio, integrando-o em seu complexo arcabouço teórico que entrelaça a psicanálise com a linguística e a filosofia. Para Lacan, o delírio, assim como outros aspectos da psicose, é profundamente enraizado na linguagem e na estrutura do inconsciente.

 1. **A Função da Linguagem**:

   - Para Lacan, a linguagem é fundamental na constituição do sujeito. Ele via o inconsciente estruturado como uma linguagem.

   - O delírio, dentro deste contexto, é visto como uma tentativa de cura, um esforço para restaurar a continuidade do discurso que foi interrompido pela psicose.


#### 2. **Foraclusão**:

   - Um conceito central em Lacan para entender a psicose é a "foraclusão" (ou rejeição). É um mecanismo pelo qual o sujeito rejeita um significante fundamental (um elemento crucial da linguagem e do simbólico) do simbólico para o real.

   - Esta foraclusão é o que leva à ruptura na estrutura simbólica do sujeito, resultando em psicose e manifestações como o delírio.


#### 3. **O Nome-do-Pai**:

   - Lacan identifica o "Nome-do-Pai" como um significante chave que é foracluso na psicose. O "Nome-do-Pai" é uma metáfora para a lei e a ordem simbólica que regula o desejo e a entrada no mundo simbólico.

   - A ausência ou foraclusão do "Nome-do-Pai" leva a uma falha na simbolização e a uma consequente tentativa de restabelecimento dessa ordem através do delírio.


#### 4. **Reconstrução Simbólica**:

   - O delírio é visto como uma tentativa de reconstruir o mundo simbólico que foi desestabilizado. É uma criação nova e altamente individualizada, uma narrativa que tenta dar sentido à experiência psicótica.

   - Lacan enfatiza que, embora o delírio possa parecer incoerente ou ilógico externamente, ele possui uma lógica interna própria.


#### 5. **O Real em Lacan**:

   - Em Lacan, o Real é uma das três ordens (junto com o Simbólico e o Imaginário). Na psicose, há um encontro traumático com o Real, uma experiência que não pode ser plenamente simbolizada.

   - O delírio pode ser visto como uma tentativa de simbolizar esse encontro com o Real, de integrá-lo de alguma forma no simbólico.


### Tratamento e Análise


Na abordagem lacaniana, o tratamento da psicose e do delírio não se concentra em eliminá-los, mas em entender sua função e lógica. O objetivo é ajudar o indivíduo a encontrar uma maneira de lidar com o mundo simbólico de uma forma que seja menos disruptiva para sua vida.


Lacan propõe uma forma de psicanálise que respeita a singularidade da estrutura psicótica de cada sujeito, evitando impor uma realidade externa, mas trabalhando dentro da realidade construída pelo paciente. O delírio, então, é visto não apenas como um sintoma a ser erradicado, mas como uma chave para entender o mundo interno do paciente.








#lacan, #psicanlise, #outro #real #simbolico #imaginario #noborromeano

sábado, 13 de janeiro de 2024

Introdução aos Conceitos Básicos da Psicanálise

 Introdução:

A psicanálise é uma teoria sobre a mente humana e um método de tratamento psicológico que foi pioneiramente desenvolvido por Sigmund Freud no final do século XIX e início do século XX. Esta abordagem revolucionária para entender a mente humana continua a influenciar a psicologia, a literatura, a arte e a cultura moderna.

Os Três Estados da Mente:

  1. O Inconsciente: O cerne da psicanálise é o conceito do inconsciente, que contém pensamentos, memórias e desejos dos quais não estamos diretamente cientes, mas que influenciam significativamente nosso comportamento e emoções.
  2. O Pré-consciente: Contém informações que não estão na mente consciente no momento, mas podem ser trazidas à consciência (lembranças acessíveis).
  3. O Consciente: Composto por tudo que estamos cientes em um dado momento - nossos pensamentos e percepções atuais.

Estrutura da Personalidade:

  • O Id: A parte primitiva da mente, regida pelo princípio do prazer, busca gratificação imediata de seus desejos e necessidades.
  • O Ego: Funciona segundo o princípio da realidade, equilibrando as demandas do id com as condições do mundo real.
  • O Superego: Representa os valores e normas morais internalizados, muitas vezes entrando em conflito com os desejos do id.

Mecanismos de Defesa:
A psicanálise também explora como usamos mecanismos de defesa para lidar com conflitos internos e estresse. Alguns desses mecanismos incluem repressão, negação, projeção e sublimação.

Técnicas da Psicanálise:

  • Associação Livre: Pacientes são encorajados a falar livremente sobre qualquer pensamento ou imagem que venha à mente, para revelar o conteúdo inconsciente de suas mentes.
  • Análise dos Sonhos: Sonhos são vistos como uma janela para o inconsciente, cheios de significados simbólicos.

Conclusão:
A psicanálise oferece uma visão profunda sobre a natureza hum

ana, revelando como os processos inconscientes moldam nossos pensamentos, emoções e comportamentos. Embora tenha evoluído ao longo do tempo e algumas de suas ideias tenham sido contestadas, ela continua a ser uma ferramenta valiosa para a compreensão do funcionamento interno da mente e para o tratamento de desordens psicológicas. A jornada para o autoconhecimento e a compreensão das profundezas da psique humana começa com esses conceitos fundamentais.

Encerramento:
A psicanálise é um campo vasto e complexo, com muitas camadas de interpretação e significado. Este post ofereceu apenas um vislumbre de seus conceitos básicos. Para aqueles interess

ados em explorar mais profundamente, há um vasto oceano de teorias, debates e aplicações práticas que aguardam. Seja você um estudante de psicologia, alguém em busca de autoconhecimento, ou simplesmente curioso sobre as profundezas da mente humana, a psicanálise oferece um caminho fascinante para a exploração.


quinta-feira, 29 de junho de 2023

historico e noções gerais de psicologia

A psicologia tem suas origens provadas que tem fundamentados seus rudimentos na filosofia, e tem se afirmado que a psicologia e ciencia a longo prazo porem com curta historia. 


psicanalise e outras terapias vistas como pseudociencia ainda tem muito preconceito no meio dos psicologos por parte maior os da TCC(terapia cognitivo comportamental), e acabam achando que esta é a unica forma de métodos cientificos pra se provar ou qualificar psicologicamente o tratamento das angustias e psico-neuroses com uma falsa "cientificidade" tentando sempre de certa forma mostrar o conceito de cientifico mas com ciencias de cunho de analise de estudo observacional que além de tudo pode ser levado a um viés de preferencias do proprio pesquisador ou defesnsor de tal ideia.



Até em que certo momento com a industrializacao e tecnologia e o amadurecimento da medicina comtemporanea se tem a psicologia sendo observada como outras ciencias tais como: neurociencias, neurologias, fisiologias, neurofisiologias, metodos cientificos , escolas de estudos de psicologia de diferentes linhas epensamentos , que defendem pontos de vistas as vezes até opostos, temos o desenvolvimento da psicologia, 



conclusao 



até onde a psicanalise será considerada pseudociencia por algums, sendo que a neuropsicanlise e neurociencias comprovam cada dia mais as teorias de Freud , que por sinal era um médico neurologista.





palavras-chave: neurociencia, psicologia, psicanalise, neuropsicanalise





 

NeuroPsicanálise: A Relação entre Mente e Cérebro

 NeuroPsicanálise: A Relação entre Mente e Cérebro

A NeuroPsicanálise é um campo interdisciplinar que busca integrar os conhecimentos da neurociência e da psicanálise para compreender a complexa relação entre mente e cérebro. Essa abordagem tem se mostrado promissora, pois reconhece a importância tanto dos processos biológicos quanto dos aspectos psicológicos na formação da subjetividade humana.

A mente e o cérebro são componentes intrinsecamente ligados do ser humano. Enquanto a mente representa o âmbito subjetivo, envolvendo emoções, pensamentos e experiências conscientes e inconscientes, o cérebro é o órgão responsável por processar as informações, controlar as funções corporais e mediar as atividades mentais.

Através da NeuroPsicanálise, busca-se compreender como as estruturas cerebrais e os processos neurobiológicos estão relacionados à formação da mente e à expressão dos comportamentos e das emoções. Estudos com neuroimagem, por exemplo, têm permitido identificar as regiões cerebrais envolvidas em diferentes processos mentais, como a regulação emocional, a tomada de decisões e a memória.

A psicanálise, por sua vez, contribui para a NeuroPsicanálise ao oferecer uma perspectiva teórica e clínica sobre os processos mentais inconscientes, a dinâmica das relações interpessoais e a formação da subjetividade. A psicanálise enfatiza a importância das experiências infantis e dos conflitos psíquicos na estruturação da mente.

Através da integração dessas duas áreas, a NeuroPsicanálise busca compreender como os processos neurobiológicos afetam e são afetados pelos processos psicológicos. Por exemplo, pesquisas têm demonstrado como eventos traumáticos podem afetar o desenvolvimento cerebral e influenciar a forma como as pessoas lidam com as emoções e os relacionamentos.

Essa abordagem também tem implicações clínicas significativas. A compreensão dos processos cerebrais subjacentes a transtornos mentais pode ajudar no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas. A NeuroPsicanálise busca identificar como intervenções psicoterapêuticas podem modular a atividade cerebral e promover mudanças positivas na mente e no comportamento.

No entanto, é importante ressaltar que a relação entre mente e cérebro ainda é complexa e está em constante investigação. A NeuroPsicanálise enfrenta desafios metodológicos e teóricos, pois busca integrar duas disciplinas com abordagens distintas. A subjetividade humana e a complexidade dos processos mentais nem sempre podem ser totalmente reduzidas a explicações neurobiológicas.

Em conclusão, a NeuroPsicanálise oferece uma perspectiva enriquecedora para o estudo da mente e do cérebro. Ao integrar os conhecimentos da neurociência e da psicanálise, busca-se uma compreensão mais abrangente dos processos mentais e da formação da subjetividade humana. Essa abordagem interdisciplinar abre caminho para novas descobertas e avanços na compreensão da complexa relação entre mente e cérebro.






Não se importar com a opinião alheia

  Não se importar com a opinião alheia é uma habilidade psicológica que pode ser treinada. Ela envolve três grandes áreas: autoestima, auto...